No último mês, visitei um espaço diferente. Não um museu, mas um café que parece um: o AP! Café Retrô Cafeteria e Doceria. Por ali as paredes repletas de energia com tons fortes de laranja e roxo e uma infinidade de bilhetes coloridos, fazem o cheiro de café fresco se misturar ao aroma de madeira antiga. E caminhando em direção ao segundo andar, fui transportada para um outro tempo. A xícara que trazia a palavra Nostalgia em destaque estava cercada de objetos antigos, cada um carregando uma história que ecoa no ambiente.
Ali é impossível não se perder em meio às máquinas de escrever, telefones de disco, vitrolas, câmeras fotográficas e tantos outros itens que um dia foram tão essenciais e hoje são apenas memórias tangíveis. Vem com a gente conhecer o AP! Café Retrô | Cafeteria e Doceria, um lugar que promete fazer você se deliciar nas memórias com direito a cafézinho passado e bolo de Milka que não é só de comer com os olhos.
AP! Café Retrô em Joinville, um café Instagramável e com sabor de nostalgia em Joinville Santa Catarina

Como alguém que nasceu em uma cidade pequena, sempre senti falta de ter mais acesso à arte e cultura. Embora existam lugares tímidos e muitas vezes charmosos, museus, teatros e bibliotecas na maioria das vezes são um privilégio de grandes centros urbanos. Por isso, sempre que tenho oportunidade de visitar um espaço como esse, que guarda objetos do passado e os exibe com tanto carinho, desperta dentro de mim uma sensação de gratidão. Você também é assim?
Enquanto explorava o segundo andar do café, senti que os objetos ali não estavam apenas expostos, mas sim respiravam história. Muitos deles inclusive, não eram tão antigos assim, vi o videogame que meu irmão tinha em casa, o telefone igualzinho ao que hoje serve de decoração na sala dos meus pais, passei as mãos pelas teclas de uma antiga máquina de escrever e imaginei como era o cotidiano de quem a usava para registrar pensamentos, cartas, histórias. Imaginei como alguém poderia ter somente ela como a única ferramenta de trabalho.
Meu pai que ainda tem uma “máquina de datilografar” em casa, sempre relembra o quanto batalhou para comprá-la, dos cursos que fez para aprender a teclar rápido, usando os dedos nas letras certas. Eu, como adorava falar até mesmo com as mãos desde pequena, podia usá-la para fazer alguns trabalhos da escola. E tinha que ter muita atenção, porque não tinha um botão de deletar letras como num passe de mágica. Quando errava levava bronca, porque era papel e tinta desperdiçado. Então a preparação do trabalho escolar precisava ser dobrada. Imagine que privilégio temos, fazer tudo aquilo que, hoje, fazemos em segundos usando um computador ou smartphone.


Adicione ainda as câmeras. Hoje é tão simples ter álbuns e mais álbuns com imagens que registramos em segundos e todos os dias. É uma pena ter tantos drives com memórias que ficam estocados nas gavetas. Como era bom quando nossos avós tinham fotos de suas infâncias para compartilhar, e deve ser por isso, que aquele retrato macabro do casal ocupava o centro das paredes das salas – seus avós também tinham? Me entreti nas câmeras, quanto será que elas custam hoje em dia, pensei! Lembrei do meu pai relembrando que algumas coisas não tem preço, pra justificar o carro véio (digo, clássico), que não importa o quanto queiram pagar, e uma relíquia inestimável.
Fiquei imaginando, que se não fossem por todos esses cacarecos, não teríamos o que temos hoje! E o mais doido de tudo é pensar que, um dia, no futuro, tudo que nos é útil serão apenas cacarecos. E também, que não somos tão velho assim, não é mesmo? Ali, cercada de memórias materiais, senti uma conexão inusitada com o passado. É curioso perceber que, apesar de toda a evolução tecnológica, nossa essência humana permanece.

Um café Instagramável em Joinville
Depois de viajar nas idéias, tomando um café passado com bolo doce de Milka (que além de ser muito bem servido foi dividido com a torta de leite ninho com Nutella e capuccino do marido, (precisei inclusive pedir para levar para viagem), descemos a escada para pagar e voltamos a realidade. As paredes super Instagramáveis agora poderiam ser levadas junto com o meu doce para ser contempladas outra hora. Meu aparelho de celular moderninho, hoje até substitui a bolsa, já que com ele posso tirar fotos de excelente qualidade, também posso fazer o pagamento, armazenar os documentos e contar pro mundo em segundos que estive ali.
Os recadinhos nos bilhetes coloridos também me lembram que a vida é passageira e muitos não vão nem se quer tirar um tempo para ler este artigo.


Livros, textos longos, blogs, será que tudo e todos nós ja fazemos parte do andar acima? Meu Iphone, me faz perceber que ainda nos apegamos a objetos para facilitar a vida, ainda buscamos cafés para nos inspirar, ainda escrevemos blogs como forma de nos expressar, ainda sentimos nostalgia por tempos que queremos um dia viver.
Ao sair, carreguei comigo mais do que o sabor de um café bem feito. Levei histórias, reflexões e a certeza de que preservar o passado é também entender melhor o presente. Me perguntei se um dia meu aparelho será apenas uma lembrança, assim como lembrei de rir do “tijolão” que meu avô carregava no bolso, meu avô que já não faz parte do nadar de baixo. E são esses vestígios de outras épocas que nos ajudam a lembrar que, acima de tudo, somos apenas humanos tentando deixar nossa marca no tempo.
Para quem for visitar Joinville, super recomendo a leitura do site oficial Visite Joinville, aliás foi lá que eu peguei esta dica e eles tem um post super legal de um Walking Tour com os 10 Cafés mais charmosos da cidade. Não vão te faltar motivos para querer voltar, não é mesmo?