Se você já tentou trabalhar na sua área em uma empresa nos Estados Unidos, sabe que ser chamado para uma entrevista não é nada fácil. Você manda vários currículos sem receber resposta, ou pior, aguarda um mês para vir o maldito e-mail automático dizendo que você não é o candidato ideal. Se seu objetivo for conseguir um emprego nos EUA, aqui estão 12 dicas para se preparar para a primeira etapa: o currículo em inglês.
12 dicas para escrever um currículo em inglês
1. Aprenda a fazer um currículo no formato americano
Se concorrer de igual para igual com os americanos já é difícil, imagina se o seu currículo estiver visualmente ruim. Pode parecer besteira, mas os recrutadores valorizam muito a formatação. Tem gente que mistura a fonte, põe letra minúscula pra poupar espaço, letra maiúscula no que é desnecessário, não dá bola pra margens, ponto no fim das frases, formato das datas e por aí vai. Sabe aquele ditado, primeira impressão é a que fica? Então, fica mesmo! Portanto, capriche no seu currículo, ele é sua a porta de entrada para o tão sonhado emprego fora do país.
Tem áreas também que ter um portifólio é mais interessante que um currículo, portanto, faça uma pesquisa nos estilos de resumes antes mesmo de começar a elaborar o seu.
2. A ordem do currículo é muito importante
O formato vai muito além de linhas e fontes. A ordem das informações também é diferente nos currículos em inglês. Sua experiência profissional, por exemplo, deve vir antes da formação acadêmica, bem diferente do que estamos acostumados no Brasil. Itens como estado cívil, endereço completo, foto, referências são totalmente dispensáveis e podem inclusive ser um fator de iliminação! Explico: se o aluno for examplar e tiver uma boa pontuação no GPA/ GMAT, ele provavelmente vai deixar isto no topo do resume, justamente para chamar a atenção do recrutador e não tem nada de errado nisso. Dependendo da empresa, o endereço pode te prejudicar, já que se eles não oferecem transporte e notam que você precisa se deslocacar mais de uma hora pra chegar ao trabalho, será melhor priorizar um candidato que more numa cidade mais próxima. Neste caso, vale inclusive adicionar algo do tipo, aberto para relocação. Claro, que existem exceções, mas de um modo geral, cuidado para não ser eliminado devido a estes detalhes.
3. Não adianta só traduzir
Não basta apenas fazer uma tradução literal do seu currículo de Português para Inglês para começar a aplicar para as vagas. Escrever um resume, vai muito além de traduzir. No Brasil costumamos listar o que fazemos em cada posição, enquanto nos Estados Unidos, muito mais válido do que falar das tarefas – do que você fez, é colocar no papel o que você entregou. Gerenciou um time, de quantas pessoas? Quais os projetos você participou? Que resultado você alcançou? Em quanto tempo? Além disso, mas do que dizer, é necessário falar do jeito que eles querem ouvir, e aí é importante a ajuda de um nativo para ler, revisar e dar aquele toque final, é preciso ter certeza se você realmente está dizendo o que de fato pretende dizer. Um ponto no final da frase pode mudar todo o contexto do que você quer falar, usar o mesmo número de marcadores para cada vaga, é bem importante, pode mostrar que você é organizado, e por aí vai! Nos Estados Unidos também é importante usar verbos de ação para iniciar as frases de posições anteriores, que devem estar no passado. E sim, erro de gramática é feio em qualquer lugar do mundo. Aqui também pode custar sua vaga!
Sugiro o site Muse, que tem excelentes dicas de: How to turn your duties into acomplishments – como tornar tarefas em realizações.
4. Currículo genérico não funciona
As empresas procuram o candidato mais qualificado para a vaga. Depois de formatar direitinho e deixar ele bem escrito, saiba que não adianta você ter 5 bacharelados e ter trabalhado em 20 empresas, se tudo que eles buscam é o profissional com a formação X e os skills Y e Z. Sua tarefa como aplicante da vaga é olhar quais são os requisitos que eles buscam e deixar claro para quem lê seu resume que você tem esta qualificação. Tem quem diga que 30 segundos é o tempo máximo que um recrutador vai levar para escanear o que ele precisa e que o cv deverá ter uma página no máximo. Acho que pode ter várias exceções, mas é fato que se for repetitivo ou cansativo de ler, você perde suas chances. Lembre-se menos é mais!
Tem candidatos que aplicam para vagas na área financeira, de marketing ou tecnologia usando o mesmo cv, sempre igual. Não vai colar! Olhe todas as suas experiências e valorize somente o que eles solicitam em cada um dos seus trabalhos anteriores. Tente destacar somente o que você fez em cada um dos seus trabalhos que é relacionado com a vaga. Se você teve um emprego que não tem nada haver, considere excluir ou pelo menos resumir ou explique como aquele apredizado será importante para o que você vai fazer. Colocar que você trabalhava de garçon não vai te destacar pra uma vaga de análise de dados, entende? Se coloque no lado do recrutador, o que você gostaria de ouvir do candidato ideal para esta vaga? Evite o que não for relevante.
Sim, já vou adiantando que você vai precisar de umas 3 versões e é bem provável que tenha que dedicar uma tarde pra apenas uma aplicação. É cansativo demais! Além disso, dependendo da vaga, um portifólio pode ser mais interessante que um resume. Se for um designer e/ou um fotógrafo por exemplo, precisa mostrar o trabalho. Um projeto no github pode falar muito mais sobre o que você é capaz do que uma super descrição da última vaga. Abuse dos links!
5. Pare de encher de linguiça
Já ouviu falar em gerador de lero-lero? É um ditado popular para dizer, disse muito e não falou nada. Outro dia vi o currículo de um brasileiro assim: I am a trustworthy person and dedicated work. I like challenges and work on motivating projects. Que traduzindo, é: Eu sou uma pessoa confiável e um trabalhador dedicado. Eu gosto de desafios e de trabalhar em projetos motivadores. Ok, a frase é bonita, mas você contrataria qualquer candidato que não seja confiável, dedicado, que não goste de desafios ou não queira fazer parte de um projeto motivador? Pois então?! É o mínimo que você pode ser e não há necessidade de explicar isso.
6. Cuide com as datas e termos
O que você fez nos últimos 5 anos é o que realmente importa, é isso que as pessoas vão focar para entender do que você é capaz. Outro dia me disseram pra excluir meu bacharel porque já fazia mais de 10 anos que tinha concluído minha graduação. Eu bati o pé e deixei lá, mas se for analizar com a quantidade de atualizações dos últimos anos, o meu curso de comércio exterior não vale pra nada hoje mesmo e certamente muita gente vai se indenticar aqui. Achei importante deixar a informação pra mostrar que tenho o tal do diploma que me qualifica pra atuar na área, mas tirei o ano, pra disfarçar e acho que ajudou. Prefiro também citar apenas os anos ao invés da data completa, acho que ajuda principalmente que ficou um curto período na empresa ou trabalhou em vários lugares nos últimos anos.
Importante também frisar que os termos pra bacharel, pós e demais especializações são mencionados de um jeito específico. Outro dia vi uma colega falando que fez college se referindo ao curso de graduação. O peso de um bacharel em uma universidade é diferente do associate degree de um college nos Estados Unidos. Vale pesquisar e colocar corretamente para valorizar seu perfil profissional.
7. Inglês não é diferencial no exterior
Ao contrário de uma vaga no Brasil que falar inglês fluente é excelente, aqui é o mínimo que esperam de você. Dizer que seu inglês é intermediário ou que você cursou 3 meses na escola X, não vai te fazer um candidato melhor. Eles esperam que você diga fluente ou que não diga nada, porque não precisa justificar, não é mesmo? Omita esta infomação, adicione um bilingue, dê ênfase ao português como segundo idioma, mas não deixe ninguém entender que seu inglês é mais ou menos, ok?
8. Capriche nas palavras-chaves, nos skills
Quando os recrutadores estão buscando por candidatos, basicamente seu currículo vai para uma triagem automática e quanto mais habilidades, verbos e e palavras em geral forem compatíveis com a vaga, mais aumentam suas chances de se destacar e ser considerado para a posição que você está aplicando. Então tente colocar o mais semelhante possível, principalmente se for aquela empresa que você quer muito! O LinkedIn Premium é uma ótima ferramenta para verificar habilidades da vaga que são compatíveis com o seu perfil.
9. Cuide do seu LinkedIn
Hoje o LinkedIn é a rede social mais fácil para que os profissionais de RH possam procurar por candidatos. Colocar o link para o seu perfil onde eles vão ter acesso a uma boa foto profissional, link para as empresas que você trabalhou anteriormente e demais cursos adicionais, pode complementar seu CV enviado por e-mail. Mas se as informações não forem condizentes, você pode se passar por mentiroso ou ao menos desleixado. Então, deixe resumido ou deixe tudo de acordo. Assim, você parece um profissional organizado onde quer que busquem pelo seu nome. Não preciso nem dizer, que ser profissional nesta hora vale para as demais redes sociais também, não é mesmo?
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10. Networking conta muito em qualquer lugar do mundo
Se você ver uma vaga que tem interesse, antes de aplicar no site ou via LinkedIn ou qualquer outro site de emprego, tente verificar se não tem amigos ou até amigos de amigos que trabalham na empresa. Os recrutadores sempre darão preferência para referrals – que são as indicações internas. Além disso, geralmente os colaboradores ganham uma graninha se suas indicações forem um bom fit pra vaga. Nada é garantido, mas é uma maneira de colocar seu cv diretamente nas mãos do recrutador. E não fique bravo se as pessoas não puderem fazer uma indicação, se teu resume for ruim ou você não estiver preparado naquele momente, elas também queimam o filme indicando um candidato qualquer, que é fraco ou não o perfil da vaga. Lembre-se também de manter contato com as pessoas, já que ninguém gosta de ser contatado 1 vez a cada 3 anos e justamente quando a tal vaga ideal surgiu na empresa 😉
Considere também ir em feiras de recrutamento específicas na área que você deseja ou pesquisar empresas que estão participando. Nestes locais você consegue pegar o cartão direto das mãos do recrutador, entender mais sobre o que eles buscam e depois pode retomar o contato direto com quem dificilmente teria acesso por conta própria. Depois destes eventos eles também estão aguardando contatos, então mesmo que você não compareça no evento, pode ser a chance de pegar o gancho e falar com o “speaker”. Lembre-se que os recrutadores aqui, esperam receber seu e-mail em 24h. Caso não tenha a vaga que você procura, mande uma mensagem agradecendo e pedindo para ficar em contato para futuras oportunidades! A hora que encontrar a vaga, já terá a quem recorrer.
11. Aprenda a escrever a cover letter
Cover letter é a coisa mais chata do mundo e muitas empresas já estão eliminando do processo de seleção. Mas quando a empresa pede, tem que mandar! Evite modelinhos copiados da internet e saiba que esta carta devem complementar seu resume e não ser uma repetição de tudo que você disse antes. Nesta cover letter também vai endereço da empresa, data, nome do recrutador, entre outros itens que exigem uma adaptação. Errar o nome de uma empresa nesta hora é dar um tiro no pé.
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12. Visto de trabalho ou sponsor
Sendo uma estrangeira notei que são raríssimas as empresas que buscam pelo candidato ideal independente da situação do visto. Diria que mais de 90% delas deixa escancarado que você só deve aplicar para as vagas se não precisar de um patrocinador para o visto, ou visa sponsor. Tem que diga que não é permitido questionar, mas em qualquer site, na etapa final de aplicação aparece perguntas como: tem autorização de trabalho? Vai precisar de sponsor pro visto em alguma etapa? Tem que prefira mencionar isto no topo do resume para ficar claro para ambas as partes, há também quem omita e só diga quando estiver na beira de uma contratação. No meu caso, não sendo da área de tecnologia, achei quase impossível continuar tentanto sem a autorização de trabalho e digo que mesmo com o EAD – Employment Authorization em mãos, algumas empresas preferem não contratar, já que se der algum problema no green card e ele for negado, por exemplo, eles teoricamente são os responsáveis pelo documento do candidato.
Já aviso também que as empresas não dizem se dão visto ou não, a forma mais simples de saber quais são as empresas que patrocinam vistos, é olhar no site da imigração de onde vieram as aplicações anteriores, ou aplicar e entender sobre este processo na prática. Não existe um hey: quer visto vim aqui em nenhum site, você tem que buscar esta informação por conta.
Depois que você passar por esta etapa e seu resume estiver show de bola, aí começam as entrevistas. Outra fase que requer uma super preparação e é assunto para outro post. Não é fácil arrumar um trabalho na terra do tio Trump não, viu?!